Marcus Vinícius Beck 

Amigo sofredor, torço para o Corinthians desde a infância e não tenho a menor dúvida: o Timão moldou completamente minha visão de mundo. Aprendi luta de classes com os comentários feitos por são-paulinos que zoavam a popularidade alvinegra, como se isso fosse um demérito. A primeira vez que ouvi a palavra democracia foi quando meu avô me contava sobre as peripécias do timaço da Democracia Corintiana, no início da década de 1980, com Casagrande, Sócrates, Wladimir e companhia.   

Veja bem, senhoras e senhores: não poderia ser mais emocionante a visita, ainda que tímida, que fiz aos arredores do Pacaembu, em São Paulo, na última semana. Foi lá que o Timão conquistou – sempre buscando manter vivo a lealdade, a humildade e o procedimento – seus principais títulos. Ganhamos, naquele estádio, a improvável Libertadores da América, em 2011, em cima do Boca Junior! E vários brasileirões, paulistões e tantos outros títulos que fogem do cocuruto deste jovem escriba. 

Haja emoção! Como eu ia dizendo, participei como figurante de um curta-metragem, cuja direção é da cineasta Júlia Lee, e descemos da Avenida Paulista até o Estádio Paulo Machado de Carvalho, em Higienópolis, na região central da capital paulista. A locação era num ônibus do transporte público da prefeitura de São Paulo. Emocionado com todo esse rolê – sim, meus caros, sou um chorão em potencial -, troquei ideia com o segurança do busão. Eis que o cara era coríntia de corpo, alma e fé. Dá pra acreditar!?   

Proletário que não tem medo do trampo, marido exemplar, batalhador, daqueles que não deixa faltar nada em casa, teve um caso extra matrimonial aqui e acolá, nada sério, puta homem de respeito, meu. “Agora deixei de ir ao estádio porque a Arena é muito longe. Moro em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, e não tenho grana para pagar o valor do ingresso toda semana. Quando era no Pacaembu, a coisa era mais fácil, o ingresso mais em conta, aí dava pra ir ao estádio”, relata. 

É, seu cronista futebolístico de botequim, quando a paixão é avassaladora, não adianta: o sujeito dá um jeito de assistir ao Timão na saúde, na doença e na penumbra financeira, não importa como o maloqueiro sofredor (graças a Deus) esteja. “Não é porque a grana tá curta que deixei de ver o Timão. Pelo contrário, compro uma cerveja, chamo os amigos e assisto o jogo em casa mesmo. O Corinthians é o time do meu coração”, profetiza o meu amigo sofredor alvinegro.

Coríntia, Coríntia, meu amor é o Timão, como me sopra lá pelas tantas da emoção alvinegra, o cantor e compositor corintiano Adoniran Barbosa, boêmio e autor de canções lindas sobre o time mais brasileiro de todos, com licença: tu mereces mais devoção de que todas as amadas e amantes. Visitar o Pacaembu, casa histórica nossa, onde a Fiel se sentiu acomodada por décadas e décadas, é garantia de emoção para todo corintiano. E foi assim comigo, por isso grito a plenos pulmões: Vai Coríntia!

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