Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, morreu por asfixia durante uma abordagem realizada por policiais rodoviários federais no município de Umbaúba, litoral sul de Sergipe. O homem foi abordado na tarde da última quarta-feira (26/5), em uma blitz na rodovia BR-101, enquanto pilotava uma motocicleta.

Nos vídeos que circulam nas redes sociais, a pessoa que filmava avisa os policiais que o homem sofria de transtornos mentais,  ao portal G1, sua esposa, Maria Fabiana, afirmou que ele tinha esquizofrenia.

As imagens mostram  Genivaldo preso no porta-malas da viatura da PRF. Por frestas da porta traseira, é possível ver fumaça escapando e as pernas do homem balançando enquanto ele grita no interior do veículo. Em outro momento, agentes inserem mais bombas de gás lacrimogêneo e usam spray de pimenta. O laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal) descreve sinais de asfixia.

“Foi identificado de forma preliminar que a vítima teve como causa mortis insuficiência aguda secundária a asfixia. A asfixia mecânica é quando ocorre alguma obstrução ao fluxo de ar entre o meio externo e os pulmões”, diz o instituto, em comunicado, sem detalhes sobre o que causou a insuficiência respiratória.

 

O pneumologista da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), Gustavo Prado  explica que asfixia é um fenômeno ou o resultado de um processo ativo que consiste na dificuldade ou impossibilidade de respirar e mata por anóxia, a falta de oxigênio. De acordo com o médico, ouvido pela BBC News Brasil, cinco minutos sem oxigênio são suficientes para causar danos irreversíveis.

 

“Essa impossibilidade de respirar pode ser causada por fatores como constrição de garganta por estrangulamento, obstrução de vias áreas por algum corpo estranho, afogamento e contenção da pessoa em um pequeno espaço fechado sem renovação de ar. Outra causa são fenômenos que predispõem a um inchaço das paredes internas das vias áreas, como queimaduras ou inalação de gases ou aerossóis aquecidos ou irritantes, por machucar diretamente a mucosa.” Explica.

 

Além disso, a asfixia pode acontecer também por privação do oxigênio em determinado espaço, que pode ser causada pelo uso de gás lacrimogêneo.

“Como nesse episódio inominável, a asfixia pode ter sido causada por preenchimento de todo aquele pequeno espaço do veículo em que a vítima foi contida pelo aerossol irritante do “spray de pimenta”e complementa dizendo que, “nessa situação, muito provavelmente concorreram a escassez de oxigênio pelo preenchimento do espaço pela mistura do spray e a irritação das vias aéreas, levando ao edema (inchaço) e obstrução ao fluxo de ar. Não há outro fim possível numa ação como essa, do ponto de vista técnico, que não a asfixia.” Analisa o médico.

De acordo com o pneumologista, as células que sofrem mais precocemente pela escassez de oxigênio são exatamente aquelas mais ávidas por ele, como as do sistema nervoso central, e a pessoa tende a perder os sentidos.

Nota da PRF

Por meio de uma nota divulgada à imprensa, a PRF informou que instaurou um procedimento para apurar a conduta dos agentes envolvidos na abordagem.

“Ele foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil. No entanto, durante o deslocamento, passou mal, foi socorrido e levado para o Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito”, diz a nota.

 

Ainda segundo o órgão a vítima “resistiu ativamente à abordagem” e na tentativa de contê-lo, foram “empregadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção”.

 

Fonte: BBC News Brasil/ Giulia Granchi

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