Uma reunião por videoconferência entre representantes de caminhoneiros foi convocada para falar sobre a possibilidade de greve, nesta segunda-feira (20). O motivo é o aumento da gasolina e do diesel pela Petrobras na última sexta-feira (17). O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônimos de Goiás (Sinditac-GO), Vantuir Rodrigues, confirmou a informação.
Segundo Vantuir, toda a sociedade é prejudicada com essa política de preços da Petrobras. O reajuste no preço do diesel foi 14,26% e da gasolina 5,18%. De acordo com Vantuir, não adiante falar em ICMS, principalmente na tese do presidente Bolsonaro (PL) para reduzir o combustível, sendo que o problema é o preço de paridade de importação (PPI), política adotada pela companhia.
“Essa política de mudar o ICMS não resolve. Pois é o PPI que influencia nos constantes reajustes. Isso aí [do ICMS] é briga do Bolsonaro com os governadores. Ele está queimando todo mundo, mas o PPI, que é o que beneficia os acionistas, ele não toca no assunto”, afirma.
A política de preços da empresa foi mudada em 2016 pela PPI no governo Temer, que é um sistema baseado na paridade internacional de preços dos combustíveis.
Segundo o economista Júlio Pascoal, os valores estão ligados diretamente ao câmbio (dólar) e ao barril de petróleo. E a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) faz uma média mundial de preço entre os maiores exportadores. Com isso, o Brasil compra o barril do petróleo em dólar.
Já o ICMS, que é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, é um tributo estadual calculado sobre produtos de diferentes tipos. Segundo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) trata-se da maior fonte de renda fiscal do governo.
Uma ofensiva do governo federal foi criada contra a Petrobras com apoio do Centrão, na Câmara Federal. Está em discussão, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o presidente e diretores da Petrobras; além da elevação de tributos sobre os lucros de companhias petrolíferas; a previsão de que recursos obtidos com sobretaxa do lucro possam ser gastos fora do teto; revisão do PPI; sanção ao projeto que cria um teto para as alíquotas do ICMS e mais.
Para o PT, ainda é preciso discutir as estratégias. Presidente da sigla, Gleisi Hoffmann vê a ofensiva como política e eleitoreira. “É papel do governo, não do Lira. Basta a caneta do Bolsonaro para resolver. […] Se Lira tivesse compromisso com o povo, tinha encaminhado uma proposta assim antes, mas preferiu mexer no ICMS dos estados [proposta aprovada pelo Congresso que cria um teto para o imposto estadual sobre combustíveis]. Agora a 100 dias das eleições bateu o desespero”, declarou à Folha de S.Paulo.