Cáio Fábio avisou
“Os meninos de Bolsonaro! IiiiiiH! Isso vai dar um trabalhão!” – assim advertiu o pastor hipongo Caio Fábio, direto de seu ashran em Brasília, pouco antes da posse do atual presidente da República. Caio comentava, via Youtube, a respeito de algumas presepadas dos filhos do seu Jair. Foi profético, o pastor.
Talvez nem tão profético assim. Caio passou toda a sua vida no Rio de Janeiro. Conhece bem os políticos cariocas. Conhece de velho a marginália política do Rio. Sabia do que estava falando. Bastou somar um mais um. Cantou a bola e a caçapa.
Temos visto, ao longo desses 17 meses, o quão nefasta é a intervenção dos filhos do Bozo no governo da República. Eles são fanáticos e fanatizantes. Tem cara de jihadistas – não sei se já repararam. Fariam bonito no Estado Islâmico. Já tem até o phisique du rôle, como dizem os cineastas franceses.
Não ficará pedra sobre pedra
Velez, Bebiano, Levy, Santos Cruz, Mandetta, Moro… Quem é a bola da vez? Guedes, talvez?
Cinco ministros e o presidente do BNDES derrubados em menos de um ano e meio de governo! Todos derrubados porque, de algum modo, caíram em desgraça perante o príncipe regente da monarquia bolsonárica, o infante Carluxo.
Neste meio tempo, Bolsonaro brigou com gente poderosa do partido pelo qual foi eleito: Bivar, Frota, Joyce, Delegado Valdir, Major Olímpio… Acabou saindo do PSL. Não conseguiu o registro do partido que fundou, a Aliança pelo Brasil, o que prova não ser ele tão popular como pretendem os bajuladores e os da oposição derrotista.
Agora, recentemente, seu Jair brigou com César Maia, o presidente da Câmara dos Deputados que articulava sua base parlamentar de apoio. Brigou com Dória, Witzel e Caiado, homens de direita que apoiaram sua eleição.
Está brigado com a Rede Gobo e com os dois maiores jornais conservadores do Brasil: a Folha de S. Paulo e o Estado de São Paulo. Romperam com ele Nando Moura e Lobão. Jornalistas ligados ao campo conservador hoje o atacam: Villa, Reynaldo Azevedo, Shararadaze, Neumane, Merval, Miriam Leitão… Só está faltando o Jabor se manifestar. Mas ele já atacava Jair desde antes da do primeiro turno.
Boolsonaro e seus jihadistas criam caso a toda hora com a China, principal parceiro econômico do Brasil, destino de quase 70% da produção do agronegócio brasileiro. A que isto se presta?
O lider sábio sabe que é na convergência de idéias e na ampliação do arco de alianças que reside sua força. Jair faz justo o contrário. Ele desagregou a coalizão de forças que o elegeu. Continua ciscando para fora. Governo que tem Bolsonaro na presidência não precisa de oposição. Cai por si próprio.
Uma casa dividida contra si mesma
Não sei se Moro sairá candidato a presidente em 22. A esquerda deve estar acendendo velas para que ele se candidate. Não será eleito. Mas vai rachar de alto a baixo o campo reacionário deste país. Sua candidatura inviabiliza a de Bolsonaro. Aí a disputa volta ao habitual: PT versus PSDB com Ciro, como de costume, correndo pelo terceiro lugar e fugindo para Paris para facilitar as coisas para Dória. É só um palpite, claro. Muita ponte ainda vai rolar por cima das águas.
O vigarista Jair e o otário bolsominion
Aprendi com meu pai que todo aquele que te propõe um negócio fantástico, em que só você ganha e o outro aparentemente perde, é vigarista. A arte do vigarista reside nisto: seduzir o otário com propostas maravilhosas, despertando nele a cobiça, a vaidade… Todos os baixos instintos do indivíduo que o ser social reprime.
O bolsominon é, antes de tudo, um otário. Caiu no conto do governante honesto, na prosápia da “nova política”, no lero-lero do combate ao “sistema”. Agora vai percebendo que foi miseravelmente ilaqueado em sua boa fé.
Morro de pena, mas não tenho dó. Acho é pouco. Afinal, voto de trouxa é para comprar garrucha e a polícia tomar, pra comprar chapéu e o vento levar. Voto de otário é matula de malandro.
A lógica da ilogicidade
O Gabinete do Ódio é assim: primeiro eles inferem. Depois saem feito doidos procurando premissas. É um silogismo de trás para a frente. E ficam furiosos se os fatos da vida real aniquilam suas transcendentais certezas apriorísticas. Dai-nos premissas, ó Senhor!
A caixa preta do BNDES é um caso emblemático. Jair sustentou que o PT usou o banco para dar dinheiro a Cuba, a Venezuela etc. Joaquim Levy caiu porque não encontrou a Caixa Preta, conquanto a procurasse denodadamente. O rapaz que entrou no lugar dele gastou quase 50 milhões de reais para que uma auditoria independente achasse a tal caixa preta. Não encontrou absolutamente nada. Terminou a chanchada com o PT recebendo atestado de idoneidade.
Agora, a insistência deles é no mandante da facada em Bolsonaro. Os bolsonaristas afirmam que Adélio foi pago para matar o capitão. Quem foi? Desconfia-se de alguém da esquerda. Tem que ser!
A Polícia Federal entrou no caso. Investigou daqui, dali, não achou pistas do mandante. Concluiu que não houve mandante. Adélio, um lelé da cuca, agiu sozinho. É o que se sabe. Mas os fatos concretamente apurados não servem aos macabros desígnios dos Bolsomiions. É preciso, é necessário, é imperativo que haja um mandante. Sem isso, a narrativa bolsonárica não se fecha. Se os fatos não ajudam, pior para os fatos.
Uma das razões alegadas por seu Jair para se indispor com Moro tem a ver com Adélio. Moro ficava preocupado em esclarecer o assassinato de Marielle Franco e dava por encerrado o caso da facada em Juiz de Fora. Isso lá é jeito de tratar o seu chefe, seu Moro?
TEXTO DE AUTORIA DO JORNALISTA HELVÉCIO CARDOSO